ESCOLA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - APAE DE CAMBUÍ-MG
PROJETO CAPOEIRA ESPECIAL - APAE DE CAMBUÍ
Professor Fábio Adolfinho Da Fonseca
2014
APRESENTAÇÃO
Este projeto base para a prática da Capoeira nessa instituição visa levar o praticante concomitantemente a explicitar as suas virtualidades e a encontrar-se com a realidade para nela atuar de maneira consciente, eficiente e responsável, a fim de serem atendidas em suas necessidades e aspirações pessoais e sociais, seja ele criança, púbere, adolescente, ou adulto. A capoeira é uma prática corporal afro-brasileira que vem se mostrando um instrumento de inclusão social e uma ferramenta de educação, cultura e cidadania.
A presente proposta foi elaborada para prática de atividades que desenvolvam o aluno com necessidades especiais como um todo, respeitando suas limitações e capacidades, mas com intuito de favorecer o desenvolvimento integral e harmônico de seu corpo.
Entende-se assim que educando a criança social, física e espiritualmente, terá ela maior facilidade de inserir-se e realizar-se no seu contexto natural. Portanto, a Capoeira deve propiciar à criança oportunidades de evoluir o espírito de liberdade com responsabilidade, de adquirir os seus hábitos, seus direitos e deveres, a coragem de enfrentar os riscos e de exercer a autoridade para o bem da comunidade. Deve oportunizar ainda o espírito criativo e desenvolver aspectos de sensibilidade, para que possa analisar sintetizar e refletir criativamente sobre os problemas que por ventura venha encontrar.
– Estimular e desenvolver aptidões físicas naturais, através do movimento espontâneo;
– Desenvolver as aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor;
– Propiciar o desenvolvimento das qualidades físicas, objetivando a adaptação orgânica ao esforço físico;
– Estimular a capacidade de expressão individual por meio de movimentos criativos;
– Contribuir para a formação e desenvolvimento de hábitos salutares;
– Favorecer a socialização;
– Desenvolver o gosto pela música e a criatividade relacionada ao meio instrumental e pela própria necessidade para o desenvolvimento dessa qualidade;
– Proporcionar a Igualdade de participação entre meninos e meninas sem faixa etária específica.
– Aprimorar diversas condutas psicomotoras, destacando-se dentre elas a coordenação motora geral, a lateralidade, e a organização espaço-temporal; assim como valências físicas (resistência, flexibilidade, agilidade, destreza, expressão corporal);
– Fomentar o sentido de comunidade, estimulando o convívio com outras pessoas, praticando a cooperação, a lealdade, a cortesia, e o respeito mútuo, além de requerer constantemente a disciplina;
– Desenvolver a prática da Capoeira Jogo, estimulando a criatividade de movimentos;
– Propiciar e estimular a confecção de seus próprios instrumentos musicais, como o berimbau, pandeiro, caxixi, e atabaque;
– Favorecer e enriquecer a cultura popular Brasileira;
– Propiciar a integração entre capoeiristas de outras cidades.
Quando falamos em origem da Capoeira, muitas são as controvérsias, principalmente devido à carência de referenciais históricos, pois em 15 de Novembro de 1890, o conselheiro Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda do governo Deodoro da Fonseca, ordenou que toda a documentação referente à escravidão no Brasil fosse incinerada, pois acreditava que tal se tratava de uma mancha negra na história do país, e que deveria ser apagada.
A discussão é interminável: pesquisadores, folcloristas, historiadores e africanos procuram saber a origem da Capoeira. Seria ela Africana ou Brasileira?
Alguns estudiosos defendem a origem indígena da Capoeira, de que os Portugueses, quando do descobrimento do Brasil, teriam presenciado os índios nativos divertindo-se jogando Capoeira. Na arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, editada em 1595, há uma citação de que os índios Tupi-Guaranis divertiam-se jogando Capoeira. Porém, esta é a teoria menos aceita.
Outros estudiosos defendem a origem africana da Capoeira, afirmando que os negros africanos escravizados e trazidos ao Brasil já carregavam consigo a Capoeira como um de seus costumes. Existe quase uma unanimidade entre os pesquisadores de que os primeiros escravos trazidos para o Brasil vieram de Angola.
Convém, no entanto, lembrar que vários pesquisadores e até mesmo capoeiristas estiveram na África, principalmente em Angola, e jamais encontraram vestígios de alguma luta parecida com a Capoeira; não existem nomes de golpes, nem de toques na língua africana.
A teoria mais aceita pelos pesquisadores e capoeiristas é a de que a Capoeira foi criada no Brasil por escravos africanos. Da África teriam trazido seus costumes, música, religião, danças, e crenças, e aqui encontraram somente a escravidão, uma vida sofrida e reprimida, não possuindo armas suficientes para se defender dos inimigos e senhores de engenho. Movidos então pelo instinto natural de preservação da vida, descobriram no próprio corpo a essência da sua arma, a arte de bater com o corpo, tomando como base as brigas dos animais (coices, saltos, botes) e, aproveitando as suas manifestações culturais trazidas da África, criaram a Capoeira.
A palavra Capoeira caã puêra é um vocábulo Tupi-Guarani que significa mato ralo que foi cortado, extinto.
Ouviu-se falar de Capoeira durante as invasões holandesas, em 1624, quando escravos e índios, aproveitando-se da confusão gerada, fugiram para as matas. Os negros criaram os quilombos, entre os quais destacamos o famoso Quilombo de Palmares, cujo líder Zumbi era capoeirista, foi o maior e mais forte de todos.
Após a abolição da escravatura, os então ex-escravos, assim como a Capoeira, foram duramente marginalizados, sendo a prática da mesma proibida por diversos anos, e liberada apenas em 1932, quando Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) conseguiu fundar, na cidade de Salvador, a primeira academia oficial do Brasil.
Hoje se pode praticar a Capoeira em todo o Brasil, e cada vez mais popular, também no exterior. A exportação de professores e mestres de Capoeira, assim como o surgimento de professores estrangeiros, faz da Capoeira uma grande alternativa profissional para qualquer praticante.
A Capoeira é uma excelente atividade física e de uma riqueza sem precedentes para ajudar na formação integral do aluno. Ela atua de maneira direta sobre os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor. A sua riqueza estão nas várias formas de ser contemplada na escola, onde o aluno, através de sua prática ordenada, poderá assimilá-la e, assim, atuar nas linhas com as quais mais se identificar. Porém, existem diversas concepções de Capoeira. Dentre elas, citamos algumas.
Capoeira Luta: representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal genuinamente brasileira. Deverá ser ministrada com o objetivo de Capoeira – combate e de defesa.
Capoeira Dança e Arte: a arte se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e cênicas. Na dança, as aulas devem ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da Capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, indo em busca da coreografia dos alunos, tanto na parte prática como teórica.
Capoeira Esporte: como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo Conselho Nacional de Desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para a competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.
Capoeira Educação: apresenta-se papel relevante, orientando e estimulando para que o aluno possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade.
No jogo da Capoeira, onde são evidenciada agilidade, destreza, coordenação motora, flexibilidade, e onde o capoeirista desenvolve a criatividade, zelando pelo respeito e camaradagem, jogando para recrear e não para testar capacidade, o professor deve desenvolver de forma integrada os três domínios de aprendizagem do ser humano: psicomotor, afetivo social e cognitivo.
Conhecimento é domínio do corpo. Controlar a agressividade através de movimentos rápidos e precisos, e proporcionar harmonia entre o corpo e a mente com movimentos suaves e flexíveis serão pontos identificados pelo educando ao iniciar a prática da Capoeira.
O estímulo de todas as partes do corpo seria um exemplo para o praticando entender que a própria natureza possibilitou ao ser humano condições, qualidades e recursos. Tudo tem uma utilidade e pode ser utilizado, desde que haja pleno estado de consciência, pois o potencial humano deve ser testado a cada momento em diferentes situações.
Como um elemento importantíssimo para a formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um autoconhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites. Na Educação Especial, a Capoeira encontra campo frutífero junto aos portadores de deficiência.
Capoeira Lazer: como prática não formal, através das rodas espontâneas realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo, etc.
Capoeira Filosofia de Vida: muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma, criando dessa forma uma filosofia própria de vida, tendo a Capoeira como elemento símbolo, e até mesmo usando-a para a sua sobrevivência.
Apesar de termos enumerado algumas concepções e práticas de Capoeira na escola, acreditamos que esta deverá ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque a sua identificação em quaisquer dessas formas.
Com o intuito de um melhor aproveitamento dos conteúdos e objetivos previstos, utilizaremos as seguintes estratégias:
– Local apropriado:o pátio da escola é arejado e em tamanho propicio à prática da capoeira;
– Apresentação de filmes;
– Formação de grupos artísticos de apresentação ao público e à sociedade;
– Interação com outra escola para apresentações do grupo.
- Local apropriado para a prática;
– 01 aparelho de som com cd player;
– Uniforme para alunos;
– Berimbaus;
– Pandeiros;
– Atabaque;
– Material publicitário e humano para divulgação das aulas;
METODOLOGIA E PÚBLICO ALVO:
A metodologia das aulas são adaptadas aos alunos com deficiência respeitando limites e potencialidades, valorizando a individualidade e propondo desafios.Os alunos são constantemente estimulados a praticarem as aulas do Professor Fabinho.O PROJETO CAPOEIRA ESPECIAL está acontecendo no período da manhã e tarde,às terças e quartas-feiras. São atendidos os alunos dos dois turnos no decorrer do ano letivo. Aproximadamente 100 alunos fazem parte do projeto.Ainda faz parte da metodologia do projeto,atitudes sociais,dirigidas às instituições de Cambuí-MG, sob a coordenação do professor. Frequentemente são arrecadados alimentos através de campanhas e são organizadas apresentações pelo grupo da capoeira.
RESULTADOS ESPERADOS
Considerando sempre a etapa mental, cronológica e motora do individuo, propiciar um desenvolvimento orgânico mais satisfatório, melhorando o tônus muscular, a flexibilidade e ampliações dos movimentos, auxiliar o ajuste postural, bem como o esquema corporal. Proporcionar para que ao final do projeto os alunos estejam jogando capoeira sem o auxilio do professor, possam realizar apresentações aumentando assim sua autoestima. Tenham adquirido ritmo e uma condição física mais satisfatória e um comportamento mais socializado.